Tokyo Ghoul: Análise Completa do Mangá de Sui Ishida

Tokyo Ghoul e Tokyo Ghoul:re são duas partes de um dos mangás mais populares e influentes da última década. Assassinos, detetives, apreciadores de café e, claro, Ghouls psicóticos, a serie tem de tudo!

Escrita e ilustrada por Sui Ishida, a obra ganhou o coração, ou melhor, o psicológico, dos fãs com uma narrativa sombria e complexa, que explora os limites entre a humanidade e a monstruosidade.

Para aqueles que nunca tiveram contato com Tokyo Ghoul, este artigo traz uma visão detalhada do mangá, analisando personagens, trama, referências, a polêmica Mangá VS. Anime e o estimado traço artístico de Ishida.


painel do mangá Tokyo Ghoul com Haise Sasaki
Haise-Sasaki-Kaneki-Painel-do-Mangá

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Por que Ler Tokyo Ghoul?

Antes de começarmos, aqui estão algumas razões por que ler Tokyo Ghoul. No decorrer deste artigo, falaremos em detalhe sobre cada uma delas:

  • Uma história bem-contada: A trama de Tokyo Ghoul é repleta de reviravoltas e momentos emocionantes, além de ótimas cenas de ação.
  • Personagens memoráveis: Os personagens de Tokyo Ghoul são construídos com bastante esmero, personalidade, visual e diálogos profundos.
  • Um mundo sombrio: O universo de Tokyo Ghoul é rico em detalhes e atmosfera, transportando o leitor para uma realidade alternativa intrigante.
  • Temas relevantes e atuais: A obra aborda temas como identidade, preconceito, violência e a luta pela sobrevivência, que são relevantes atualmente.
  • Arte visual marcante: O estilo de arte de Sui Ishida é único e expressivo, é possível ficar horas admirando os painéis do mangá.

Mergulhando nas Profundezas da Alma Humana

Histórias que usam da insânia como motor da narrativa são uma das minhas prediletas, Macbeth, Clube da Luta, Mr. Robot e tantas outras são alguns exemplos.

Tokyo Ghoul, a magnum-opus de Sui Ishida, aborda o tema de forma singular, colocando um homem simples em uma situação extraodinária, forçado ao limite da consciência e da moralidade. 

Com cenas que vão do sublime ao repulsivoo mangaká discorre, habilmente, sobre a tênue barreira que separa a humanidade da barbaridade. Um passeio profundo pelas mazelas da psiquê e da condição humana.

A Tragédia de Ken Kaneki

"Se fosse para escrever um livro em que eu fosse o protagonista, certamente, seria uma tragédia."

Seguimos a narrativa pelos olhos de Ken Kaneki, um jovem universitário que, após um trágico acidente, envolvendo Rize Kamishiro, e uma decisão moralmente duvidosa, é transformado em um meio-ghoul.

A partir desse momento, sua vida sai dos trilhos. A luta interna entre sua humanidade e sua natureza de ghoul o leva a questionar sua própria identidade e a buscar seu lugar no mundo.

Seu desenvolvimento é gradual e melancólico, primeiro rejeitando sua nova vida, então barganhando para poder continuar nos dois mundos, odiando-se por ser quem é e finalmente passando pela aceitação de seu estado atual.

Sua vida se transforma em uma sucessão de perdas, os amigos, a escola, a vida social. Um dos aspectos mais interessantes é a perda do paladar. Curiosamente, café é a único alimento humano que lhes agrada.

Um ghoul sente aversão à comida humana pois tem gosto podre para eles. O pobre Kaneki precisa se alimentar, mas não consegue mais comer nada que comia antes.

No capítulo #4, onde o personagem sente um delicioso cheiro e o persegue, apenas para dar de cara com um Ghoul devorando um cadáver humano é um choque tanto para o personagem quanto para o leitor, que percebe, neste momento, que Kaneki nunca mais será humano.

Uma das cenas mais memoráveis do mangá (e do anime) é (alerta de spoiler) justamente a cena de tortura que resulta na total transformação de Ken Kaneki.

Grotesca e desumana, a interação leva o personagem a romper os limites da sanidade enquanto é forçado a aceitar seu lado sombrio.

"Quanto é mil menos sete?"

A partir daí, o que vemos é um protagonista em declínio, com lapsos de arrependimento e auto-rejeição, mas que se sente obrigado a agir com violência para proteger a si e aos mais fracos. Apenas um monstro pode vencer outro.

Todo sofrimento do mundo nasce da imcompetência de um indíduo. A bondade é vista como fraqueza em um mundo onde o que importa é a sobrevivência e a manutenção do poder.

O final da parte um é dramático e surpreendente, praticamente encerrando a jornada de dor e sofrimento de Kaneki.

Um Mundo de Contraste e Dualidades

O universo de Tokyo Ghoul é marcado por duros contrastes. A beleza da cidade de Tóquio coexiste com a brutalidade da luta pela sobrevivência. O tímido e inseguro Ken Kaneki é substituído por uma versão cruel e determinada.

A fragilidade da condição humana vai de encontro à força dos ghouls. Tais contrastes permitem ao autor trabalhar temas complexos e ricos dentro de sua narrativa como identidade, a natureza do bem e do mal, a luta pela sobrevivência e o isolamento.

"Eu sempre fui uma pessoa que preferia ser ferido a ferir alguém."

Personagens Complexos

A força maior de Tokyo Ghoul reside em seus personagens, cada qual com suas próprias motivações e lutas internas.

Além do protagonista, a galeria de personagens de Tokyo Ghoul é vasta e muito bem trabalhada, Ishida preocupa-se em mostrar os dois lados da moeda, incluindo não só os ghouls, como também os detetives.

Tanto os vilões quanto os mocinhos, tanto os Ghouls quanto os investigadores, os dois lados possuem sujeitos bons e maus, e isso traz uma complexidade ímpar para esse universo.

Touka Kirishima

Touka Kirishima é uma das personagens femininas mais fortes. Uma ghoul que mantém uma fachada humana, trabalhando na Anteiku café e frequentando a escola.

A trajetória de Touka revela um personagem marcado por traumas, mas também por resiliência. Sua relação com Kaneki é complexa e evolui ao longo da série, mostrando o lado emocional e o desejo de proteção mútua entre eles.

Na segunda parte, um romance surge entre os dois, e se torna foco narrativo, desenvolvendo ambos os personagens, que se encontram em lados opostos.

Amon Koutarou

Amon Koutarou representa a luta da humanidade contra os ghouls. Como investigador da CCG, ele os vê como monstros e dedica sua vida a exterminá-los.

Seu encontro com Kaneki, um ghoul que não quer matar ou ferir as pessoas, é o gatilho para seu arco de desenvolvimento.

Amon começa a questionar a justiça de suas ações e a moralidade da organização para a qual trabalha. Esse conflito interno é o que faz de Amon um personagem fascinante.

Em momentos como quando ele se vê em posições ambíguas entre o certo e errado, além de sua interação com complicada com Akira Mado.

Na segunda parte da obra, o personagem é reformulado e precisa enfrentar sua própria tragédia, enquanto descobrimos mais sobre seu passado e suas motivações.

Rize Kamishiro

Rize Kamishiro representa o ponto sem retorno na vida de Kaneki. Com a alcunha "Dama Glutona", ela é uma ghoul que vive para saciar sua fome insaciável.

Seu ataque a Kaneki e subsequente transplante de órgãos é o que transforma Ken em um meio-ghoul, empurrando-o no caos de uma vida estilhaçada.

Rize continua a ter uma presença assombrosa na mente de Kaneki, simbolizando tanto seu maior medo quanto a origem de seu novo ser.

Ela é mais do que apenas uma vilã; sua presença é quase metafísica, impactando a psiquê do protagonista e moldando suas decisões, como quando ele decide, após seu encontro com Jason, que é um ghoul.

Mais para a frente, na parte dois, sua origem é explorada, bem como sua relação com o universo da obra é expandida e somos apresentados à uma nova versão da personagem.

Juuzou Suzuya

Juuzou Suzuya é um dos personagens mais excêntricos e imprevisíveis da série. Com um passado sombrio, ele foi criado de forma abusiva e inumana por Big Madam, o que resultou em uma personalidade problemática.

Como um investigador da CCG, Juuzou é altamente competente, mas sua falta de empatia e comportamento errático o tornam uma figura perturbadora.

A contraposição entre seu jeito brincalhão com feições inocentes e suas atitudes sinistras e impulsivas o tornam um personagem bastante interessante e, muitas vezes, cômico.

Apesar de sua natureza caótica, Juuzou também passa por um crescimento significativo ao longo da série, criando laços com seus companheiros e começando a entender o conceito de família, algo que nunca teve antes.

Arima Kishou

Conhecido como o "Anjo da Morte", Arima Kishou é considerado o investigador mais poderoso da CCG. Seu combate contra os ghouls é quase lendário, e sua presença na série é uma das mais imponentes.

Entretanto, Arima guarda muitos segredos, especialmente sobre suas reais intenções e sua relação com Kaneki, que é explorada a fundo em Tokyo Ghoul:re.

Arima é o símbolo de controle e a autoridade dentro da CCG. É, também, um personagem que esconde sua verdadeira natureza, seu rosto é gentil e bondoso, mas suas ações são incisivas e estratégicas.

A batalha final da primeira parte é protagonizada por ele e Kaneki, com cenas de ação inspiradas e bastante tensão. Seu desfecho é sinistro e inesperado, o que acrescenta pontos à narrativa da obra.

Tokyo Ghoul capas em uma montagem

Capas-reunidas-de-Tokyo-Ghoul

Personagens de Tokyo Ghoul: Re

A saga dos ghouls é ampliada e aprofundada em Tokyo Ghoul:re, onde a trama mergulha ainda mais fundo nas questões de identidade, dualidade e moralidade.

Tokyo Ghoul:re introduz novos personagens e aprofunda o desenvolvimento de figuras já conhecidas, revelando novas camadas emocionais e narrativas complexas.

A introdução do clã Washuu e a expansão da mitologia ghoul, com o Rei de Um Olho torna a série muito mais intrigante e interessante e passamos a questionar tudo que foi apresentado na série até então.
(Contém spoiler)

Haise Sasaki

Em Tokyo Ghoul:re, somos apresentados a Haise Sasaki, líder geral do Esquadrão Quinx (ou QS), um detetive meio-humano e meio-ghoul que perdeu a memória.

Sua tarefa na organização, além de investigar e caçar ghouls, é treinar uma equipe de jovens que será a nova geração de investigadores. Humanos com modificados geneticamente para se assemelhar aos ghouls, sem que se tornem monstros.

Mais para a frente, descobrimos que Haise, na verdade, é Kaneki, que passou por uma lavagem cerebral feita por Arima, e acabou suprimindo sua personalidade e assumindo uma nova, vendo em Kishou e Akira seus "pais".

A dualidade de Kaneki é ainda mais acentuada em :re, pois Haise luta para manter sua nova vida enquanto as memórias de Kaneki lentamente retornam. É doloroso de ler e acompanhar, mas no final, tudo se acerta.

Sua jornada emocional e psicológica o leva a enfrentar verdades dolorosas sobre quem ele realmente é, e a tensão entre Haise e Kaneki culmina em uma batalha interna pela dominância.

O retorno de Kaneki é outro ponto alto na trama, e o personagem passa por um último arco de evolução, retomando sua antiga personalidade, mas buscando manter alguns traços de Haise.

Touma Higemaru

Touma Higemaru é da segunda leva de recrutas do QS. Embora inicialmente pareça ser um personagem de suporte, sua determinação em proteger seus amigos e sua lealdade à equipe destacam sua importância na trama.

Seu passado, como o da maioria, é triste e assombroso, e tem impacto nas suas decisões pessoais. Leal aos ghouls devido a sua experiência traumática com os humanos, seu modo de agir é através da violência brutal.

Kuki Urie

Kuki Urie é um dos personagens mais interessantes da segunda parte e da série me geral. Introduzido como frio, calculista e ambicioso, suas ações são egoístas e extremas.

Seu desejo de escalar a hierarquia da CCG faz com que coloque sua própria segurança e ambição acima da equipe, o que acabou por lhe custar a posição de líder dentro do esquadrão.

Ao longo da narrativa, Urie passa por um arco de redenção, desenvolvendo um senso de camaradagem e responsabilidade, fazendo com que sua jornada desperte empatia no leitor.

Sua transformação é uma das mais significativas da obra, e ele se torna um personagem mais empático, disposto a proteger seus companheiros e mais flexível consigo mesmo.

Saiko Yonebayashi

Saiko Yonebayashi é uma personagem carismática e bastante preguiçosa. Dormindo mais que o necessário, praticamaente não se envolve nas batalhas da CCG, a menos que seja expressamente ordenada. Passa o dia no quarto, comendo e jogando videogame.

Apesar disso, sua lealdade e o relacionamento que desenvolve com seus amigos acabam tornando-a uma peça-chave no desenvolvimento do Esquadrão Quinx, conquistando o posto de vice-líder no QS.

Saiko traz um lado mais leve ao mar de sangue e loucura da série, mas também é uma figura de força quando necessário.

Shirazu Ginshi

Shirazu Ginshi é o típico personagem que gente boa, mas que segue suas próprias escolhas, embora, facilmente manipulável.

Disposto a colocar sua própria vida em risco para proteger seus amigos, era um dos Quinx mais sensíveis, apesar de seu jeito turrão.

Com a remoção de Urie do posto de líder, é ele quem assume seu lugar. Uma tragédia pessoal é sua motivação para trabalhar na CCG: o dinheiro que ganha usa para tratar a irmã que sofre de uma misteriosa e incurável doença.

Após um confronto com uma ghoul que o lembrou de sua irmã, desenvolveu certa paranoia, o que limitou suas ações, pois a presença da ghoul o assolava toda vez que executava suas missões.

Tudo isso faz com que a morte de Shirazu se torne um dos momentos mais emocionantes de Tokyo Ghoul:re, impactando profundamente seus companheiros e mudando o rumo da equipe.

Akira Mado

Akira Mado é filha de Kureo Mado, um dos investigadores mais temidos da série original e companheiro e mentor de Koutarou Amom.

Ela carrega o peso do legado do pai, trabalhando na CCG e sendo uma investigadora extremamente habilidosa.

Ao longo de :re, Akira enfrenta dilemas morais sobre o trabalho da CCG e sua relação com Amon Koutarou, criando uma dicotomia entre conflitos emocionais e seu dever.

Mentora de Haise e vista como uma figura materna por ele, é extremamente profissional e eficiente em suas missões, mas esconde seus sentimentos, que são revelados em momentos de altos picos de tensão ou arrependimento.

Furuta Nimura

Furuta Nimura é uma das figuras mais intrigantes de Tokyo Ghoul:re. Apresentado como um personagem educado e respeitoso, logo sua máscara cai e suas relações obscuaras são expostas, conforme a série avança.

Furuta trabalha tanto na CCG quanto nas sombras, com os clowns, sempre tramando para atingir seus objetivos, sua história é profunda e tem ligações diretas com a reta final da parte 2.

Seu confronto final com Kaneki é um dos momentos mais marcantes da série, um verdadeiro evento caótico digno de uma história de lovecraft, com requintes de ação shonen.

Há inúmeros outros personagens em Tokyo Ghoul, principais e secundários, que merecem reconhecimento, como Uta, Tsukiyama, Eto, Takizawa, Kurona e Nashiro e muitos outros.

CCG: A Força Oponente

Na outra ponta do espectro de poder está a Comissão de Contramedidas Ghoul (CCG), a organização responsável por caçar e exterminar os monstros da série. 

Liderada por investigadores implacáveis, a CCG representa a face da perseguição e da intolerância. A luta entre a CCG e os ghouls é o motor central da trama, gerando conflitos épicos e momentos de grande tensão.

Ao longo da história, conhecemos os investigadores e nos conectamos com alguns deles. A organização é explorada melhor na segunda parte da obra, onde descobrimos as conexões sombrias entre a CCG e os ghouls.

Tokyo Ghoul, Kaneki, Eto, Suzuya e Juuzou reunidos

Tokyo-Ghoul-Re-Personagens-reunidos

O Traço Artístico de Sui Ishida

Boa parte do peso de Tokyo Ghoul é sustentado pelo traço de Sui Ishida. Seu estilo é conhecido por pelo uso dramático de sombras e detalhes delicados que capturam perfeitamente a tensão e a brutalidade da história.

Sua arte mescla elementos grotescos e belos, criando um contraste visual que reflete os temas centrais da narrativa: a dualidade entre o bem e o mal, entre o humano e o monstro.

Suas linhas podem ser pesadas, rabiscadas, ou detalhadas, depedendo da emoção que queira transmitir ao leitor, através de expressões faciais sutis e olhares intensos.

Os cenários urbanos de Tóquio são desenhados de forma a parecerem opressivos e decadentes, refletindo a atmosfera pesada em que a história se desenvolve.

A veia psicólogica da série é muito bem refletida em seus painéis assombrosos e esquisitos, muitas vezes desproporcionais, ilustrando a tormenta interna que seus personagens enfrentam.

Além disso, os tons sombrios do mangá realçam o ambiente de tensão e mistério. Como o preto é uma cor esteticamente pesada e simbolicamente desprovida dos valores positivos do colorido, a obra encontra um palco à altura na tinta nanquim.

Comparação: Anime vs. Mangá

A adaptação de Tokyo Ghoul para anime trouxe grande visibilidade para a série, entretanto, também dividiu opiniões. Embora o anime capture a essência da história, existem diferenças significativas entre as duas mídias.

Leia esse trecho desse artigo para conhecer minha visão sobre adaptações.

Fiel ao Mangá?

Uma das críticas mais contundes ao anime é a compressão de arcos e o ritmo acelerado em comparação ao mangá. Enquanto a versão impressa permite que os personagens e suas motivações se desenvolvam gradualmente.

O anime, especialmente em suas temporadas posteriores, opta por uma narrativa mais linear e focada em ação, o que acaba simplificando as nuances emocionais e filosóficas presentes no material base.

Ademais, a animação toma liberdades criativas duvidosas em certos arcos, alterando eventos e personagens. A segunda temporada praticamente ignorou o mangá, apresentando um final alternativo que não refletia a obra de Sui Ishida.

Isso por sua vez, impactou diretamente na sequência, que foi adaptada direto da segunda parte do mangá, como se a segunda temporada do anime não existisse, confundindo a todos e desprestigiando a obra.

Aspecto Visual

O visual do mangá supera em muito o anime em termos de complexidade artística. Embora a animação tenha momentos impactantes, como as cenas de batalha com Kaneki, Suzuya ou Jason, nem de longe se comparam à arte do mangá. 

Há também o limite imposto pela censura, que prejudica a experiência idealizada por Ishida, com bastante violência, sangue e momentos de insanidade absoluta.

Apesar dos pesares, o anime merece lá seu crédito, especialmente na trilha sonora, que complementa as cenas emocionais e de ação. Eu mesmo conheci a obra graças a ele.

Unravel

A abertura Unravel, da primeira temporada de Tokyo Ghoul, se tornou um ícone, pois captura a essência do conflito interno de Kaneki, e ainda ganhou muitos vídeos de edit.

opening-Unravel-season-1-tokyo-ghoul

Referências Culturais e Temáticas

Tokyo Ghoul é permeado por referências à cultura japonesa e ocidental. Sui Ishida incorpora elementos de mitologia, literatura e filosofia em sua obra, usando o próprio Kaneki para isso.

Um exemplo claro é a influência A Metamorfose de Franz Kafka, a novela é citada explicitamente, traçando um paralelo entre Kaneki e Gregor Samsa, onde o protagonista também lida com uma inesperada transformação e os obstáculos decorrentes.

No contexto cultural japonês, o conceito de "monstro" ou "ghoul" é amplamente explorado através de arquétipos tradicionais de criaturas devoradoras de carne. 

Contudo, Ishida inovou ao humanizar essas criaturas, gerando uma empatia por suas lutas e apresentando-os como vítimas de um sistema opressor, denunciando, assim, a nossa própria sociedade com uma crítica sucinta.

Por falar em cultura, que tal conhecer um livro mucho loko da terra do sol nascente? Mundos paralelos, personagens estranhos e um "romance quentinho"!

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O Final de Tokyo Ghoul

Finais são difíceis, de escrever e de se acompanhar. Representa o fim de uma experiência e, normalmente, é por onde as obras são lembradas.

Vide Game of Thrones, Attack On Titan, e tantas outras obras que tiveram suas histórias resumidas, miseravelmente, a seus finais.

O fim de Tokyo Ghoul proporcionou grandes momentos, desde batalhas intensas e aguardas, Kaneki VS. Suzuya, Kaneki VS. Furuta, até grandes revelações e desfechos de arcos narrativos.

A recepção do público foi mista, e o final foi visto como agridoce, pois o tom trágico e sombrio da obra é vencido pelo otimismo e a esperança. Uma mudança um tanto abrupta e pouco desenvolvida, sim, mas um final digno.

Touka e Kaneki, após um desenvolvimento acelarado de seu romance, formam uma família; a CCG é desfeita, marcando um novo capítulo na relação humanos e ghouls.

Ao fim da obra, Kakeki finalmente se estabelece e encontra sua tão almejada paz. Eu, gostei, o desfecho é condizente, de certa forma, com a narrativa. Em nosso mundo já existe dor e tristeza demais. Busquemos pois, alívio na ficção.

Choujin X: A Nova Investida de Sui Ishida

Três anos após o encerramento de Tokyo Ghoul: re, em 2021, Sui Ishida lançou Choujin X, com todos os elementos já presentes e desenvolvidos em Tokyo Ghoul, mas com uma finesse e liberdade criativa maior. Leia a sinopse de Choujin X abaixo.

Sinopse

Em Choujin X, seguimos Tokio Kurohara e Azuma Higashi, dois amigos de infância que vivem em um mundo onde seres conhecidos como "Choujins" possuem habilidades sobrenaturais.

Quando se veem diante de uma ameaça mortal, Tokio decide se transformar em Choujin para salvar a própria vida, embarcando, assim, em uma jornada repleta de perigos, segredos e desafios morais.

capas reunidas do mangá de Sui Ishida Chojin X
Capas-novo-mangá-Sui-Ishida-Choujin-X

Conclusão

Tokyo Ghoul e Tokyo Ghoul:re vão além de simples histórias de horror ou ação, são obras que exploram a fundo a psiquê humana e os dilemas morais da sociedade. As partes se complementam, embora a primeira ofereça um desfecho em si mesma.

Questões filosóficas e emocionais fazem parte do arcabouço de Sui Ishida que, além disso, ilustra, magnanimamente, com seu traço habilidoso e expressivo, sua narrativa dark fantasy.

Para quem deseja uma obra cheia de simbolismos, reflexões sobre bem e mal, personagens complexos e uma trama que desafia os limites da moralidade, Tokyo Ghoul é uma escolha acertada.

Gostou de conhecer Tokyo Ghoul? A obra vai muito além do que está escrito aqui, mas espero que esse arito sirva como incentivo para que mais pessoas a leiam.

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