Feios | Você Mataria Para Ser Belo?

Até onde você iria para atender padrões de beleza? Essa é uma questão central no filme Feios distópico, da Netflix.

Hoje, vamos falar sobre o filme que mais oferece representação nos últimos anos, sim, vamos falar de  Feios (Uglies). Brincadeiras à parte, voltemos à programação normal.

Neste artigo short, vamos dar uma passada pelo universo distópico do diretor Joseph McGinty Nichol, conhecer um pouco do gênero distopia, bem como comentar sobre o roteiro, atuação e produção do filme.

A nota para Feios é 6

A personagem Tally do filme Feios da Netflix contemplando sua beleza
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O Gênero Distopia

A distopia, representada em filmes como Jogos Vorazes, Maze Runner e Divergente, é caracterizada por retratar uma visão sombria e pessimista de um futuro ou realidade alternativa.

Feios segue essa tradição, mas quais são as principais características desse gênero? Quer saber? Então vem comigo.

Sociedade Opressora:

A distopia geralmente retrata uma sociedade controlada por regimes totalitários ou autoritários, onde o governo ou uma elite exerce controle absoluto sobre os cidadãos.

Falta de Liberdade Individual:

Os indivíduos têm pouca ou nenhuma liberdade pessoal. As leis são severas, e há controle sobre pensamentos, ações e comportamentos.

Ambiente Desumanizador:

A sociedade distópica é frequentemente marcada pela desigualdade extrema, onde a vida humana é desvalorizada. Os indivíduos são vistos como engrenagens em uma máquina social.

Tecnologia e Vigilância:

Muitas distopias mostram o uso da tecnologia como ferramenta de controle, como vigilância em massa, manipulação de informações e sistemas automatizados que regulam a vida diária.

Conflito Moral e Ético:

As distopias levantam questões profundas sobre moralidade, liberdade e o papel do governo, muitas vezes através de dilemas éticos enfrentados pelos protagonistas.

Cenário Pós-apocalíptico ou Futurista:

O ambiente costuma ser um mundo futuro, muitas vezes devastado por guerras, mudanças climáticas, colapsos sociais ou desastres naturais.

Resistência e Subversão:

O enredo muitas vezes segue personagens que lutam contra o sistema opressor, tentando mudar ou escapar da sociedade distópica.

Robôs Não Morrem

Caso queira ler, tenho um conto, curtinho e com a maioria desses elementos, na Amazon, gratuito no Kindle Unlimited. Uma palhinha sobre Robôs Não Morrem para vocês.

Téo odeia robôs, mas trabalha em uma indústria que os fabrica, e seu supervisor é um androide superinteligente. Sua vida é infeliz, e seus únicos passatempos são afogar-se nos vícios e destruir robôs, saindo sempre impune, pois não há leis que protejam as máquinas inteligentes. Sua vida muda quando comete um ato imperdoável em sua casa e foge para uma fazenda, onde entrará em contato com seu lado humano ao consertar um robô e dividir seus dias com a máquina na natureza.

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Clássicos Distópicos

Clássicos literários como 1984*, de George Orwell, *Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, e Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, são referências no gênero que influenciam produções até hoje.

No cinema, obras como o lendário Blade Runner de Ridley Scott e sua mais que assombrosa sequência Blade Runner 2049, de Denis Villeneuve também são exemplos emblemáticos da distopia, contribuindo para uma visão crítica sobre o futuro.

A Feiura do Roteiro de Feios

Voltando ao filme Feios, a película é uma adaptação da obra homônima de Scott Westerfeld, e possui uma premissa, no mínimo, interessante, que me fez colocar o longa na lista de avisos assim que vi o trailer.

Como sempre, a humanidade destruiu o planeta e agora eles precisam encontrar uma forma de conservar suas vidas e a sociedade. Como? Através da padronização estética. Feios traz um questionamento interessante.

Será que se todos fossem perfeitos, o mundo seria melhor?

A ideia central de que a perfeição física pode resolver os problemas da humanidade é bastante provocativa, não acham?

Apesar da ótima premissa, e dos bons efeitos visuais, o fime derrapa muito no desenvolvimento do roteiro, as atuações são condizentes para o público, nada fora da curva, mas também nada escabroso.

Há momentos em que a edição faz cortes abruptos que não encaixam no ritmo da narrativa, sem falar em alguns personagens que  parecem esquercer-se de seu papel na trama, ou simplesmente mudam de opinião, afetando a coesão da história.

Atuação e Produção

Joey King, no papel da protagonista Tally, faz um trabalho razoável, mas o arco dramático da personagem só ganha força no terço final do filme.

Conhecida como "vesguinha" - defeito esse que teria dado mais profundidade ou mesmo identidade para o filme, caso explorado-, é uma adolescente que sonha com sua cirurgia e passa os dias imaginando sua versão "perfeita"

Sua atuação, conhecida por papéis em produções como *A Barraca do Beijo*, traz certa familiaridade ao público jovem, mas falta profundidade emocional para destacar seu papel.

A impressão que tive é que ela estava perdida, e o filme só conseguiu apresentar sua personalidade, (clássica líder nata) do meio para o fim. Apesar disso, ainda assim fui surpreendido positivamente em alguns momentos.

Temas Centrais: Beleza Individualidade e Livre Arbítrio

Há ainda debates sobre a beleza e sobre a singularidade humana. Nesse ponto, filme é feliz ao criticar o consumo excessivo de mídias sociais e como elas moldam nossas personalidades e desejos.

Esse é um tema relevante e atual, que ecoa nas questões levantadas pelo filme sobre a padronização da beleza. Nisso, não estamos muito longe do filme.

No entanto, o filme falha em aprofundar essas questões no ato final. A ideia de que o ser humano precisa ser guiado para alcançar o melhor de sua natureza é interessante, porém, mal explorada.

A vilã, que poderia ter sido uma personagem complexa e fascinante, acaba sendo um pouco superficial. Ela literalmente mata para ser bela.

Também senti que pecaram em não mostrar mais do funcionamento dessa sociedade, o que normalmente são as partes mais legais desse gênero. Pouquíssimo da organização social é mostrada no filme, o que poderia ter sido um bom diferencial caso tal aspecto fosse abordado.

Pretties

A narrativa de Pretties, sequência de Uglies começa exatamente de onde o filme parou. Contudo, até o momento, a Netflix ainda não declarou se pretende fazer um segundo filme de Feios. No entanto, Joey King deu a entender que sim, pode haver sequência.

"Há mais livros. Não vou dizer muito agora. Estamos realmente animados para que as pessoas vejam este, e estamos animados para o futuro desses personagens e para ver o que as pessoas gostam".

Joey King em entrevista ao Screen Rant. E como o filme figurou no top 10 da plataforma por bastante tempo, é provável que a sequência poderá ser confirmada.

Conclusão

Enfim, o filme é um bom entretenimento. Leve e visualmente atraente, mas poderia ser muito melhor. Embora tenha seus méritos ao criticar a obsessão pela beleza e o consumo desvirtuado das redes sociais, perde a chance de explorar de forma mais profunda os aspectos mais filosóficos e éticos de sua premissa

O final com gancho é algo que não gosto em nenhum tipo de mídia, seja impressa ou audiovisual. Veja bem, é saudável e coerente um gancho para uma "nova trama", porém, a narrativa principal deve ser encerrada em si mesma.
Sou da opinião de que, ao construirmos uma história, devemos ter em mente nosso público e não nossos desejos egoístas de escritor. Quando escrevemos, escrevemos para os leitores.

É o mesmo problema da série Kaos, também da Netlix, e tantas outras que se furtam a esse recurso apelativo para garantir sequências, prejudicando a experiência e a narrataiva.

Isso se dá, em parte,cha ao mercado atual que busca extrair até a última gota de seus produtos. Os grandes da indústria preocupam-se com ROI, Equity, ativos e ações; aos artistas, cabe adequar suas obras para o mainstream e convertê-las em dólares e mais dólares.

E aí, gostou do filme Feios, da Netlix? Achou que os personagens realmente eram feinhos, ou feio bonito? Compartilhe suas impressões.

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