Sofia é incriminada pelo assassinato de uma jornalista que investigava Carmine Falcone e, a mando de seu pai, acaba internada no Arkham, onde sua vida torna-se um inferno. Isso é o que cent'anni, o quarto episódio de Pinguim, nos conta.
Os indícios de que a história do "Carrasco" estava sendo mal contada finalmente são explorados em uma elaborada trama de intrigas e segredos relacionados à morte de sete mulheres.
Com um episódio inteiro para trabalhar sua personagem, Cristin Milioti constrói uma Sofia que vai de uma jovem radiante e "inocente", passando por uma mulher desesperada até sua versão atual, implacável, injustiçada e sedenta por vingança.
Contém spoilers
A nota para Cent'anni é 8,5
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Enredo
O episódio começa um pouco antes do final de Bliss, que já fizemos a crítica, e descobrimos que Nadia revelou que Oz assassinou Alberto, além disso, seu jogo duplo não agradou seu marido, e agora Pinguim deve ser eliminado.
O pilantra, claro, tenta explicar suas ações, dizendo que seu plano nunca foi trair os Maronis e coisas do tipo - sempre ardiloso, esse Pinguim. Sofia assiste, perplexa, à traição de Ozwald e vemos o conflito de emoções em seu olhar.
Então, Vic chega e estamos de volta ao final do terceiro episódio, só que dessa vez ficamos com Sofia, que entra em pânico enquanto liga para Julian, seu terapeuta, e desmaia.
E assim, entramos no passado de Sofia. Uma transição suave e bem encaixada. Um doce sonho que, pouco a pouco, é pervertido em um terrível pesadelo.
Dias de inocência
Interessante notar como o início do flashback destoa completamente de seu final. As cores são vibrantes, há bastante luz e uma Sofia sorridente e bem-quista discursa em um evento da Fundação Isabela Falcone, para apoio à mulheres com depressão.
Pessoalmente, vejo a atuação de Milioti pré-Arkham como um pouco insossa, com exceção de alguns momentos brilhantes, como suas interações com Mark Strong, interpretando um Carmine Falcone mais jovem, mas tão ou mais cruel que o do Filme.
Isso, em parte, é por conta de sua atual personalidade, que difere rudemente da jovem e inocente Sofia de dez anos atrás, seja no olhar, no diálogo ou nas intenções.
Os acontecimentos que a levaram ao manicômio de Gotham são muito bem explorados e convincentes, trazendo um ar de tragédia para a personagem e reforçando, sutilmente, a canalhice e o oportunismo que caracterizam Oz.
Após ser abordada pela jornalista Summer Gleeson, que expõe provas e documentos que ligam Carmine à morte de sete vítimas, todas com sinais de estrangulamento, Sofia é consumida pela curiosidade. Pronto, a semente da dúvida é plantada.
Dias de Arkham
Ao suspeitar que seu pai teria envolvimento com o "suicídio" de sua mãe e o "confrontar" sobre isso, Sofia deixa de ser a filha de Carmine e se torna um inimigo perigoso para ele. O mafioso alega que a filha está doente, louca e a interna no Arkham.
Falcone manda matar a jornalista com quem Sofia havia conversado e, com sua influência na polícia corrupta de Gotham, incrimina Sofia dessa e das outras sete mortes. Nasce a "Carrasco", mas somente no imaginário popular.
As cenas no Arkham são ótimas, desde a "recepção" humilhante até a ambientação, desolada e opressora, o que reflete a mente e emoções de Sofia. Acompanhamos a transformação de uma jovem e indefesa Sofia para uma perigosa e desequilibrada Carrasco.
Descobrimos ainda que toda sua família, a exceção de Alberto, endossou a história de Carmine de que Sofia era louca e precisava de tratamento, o que resultou não em seis meses, mas em dez anos de reclusão. Um verdadeiro ninho de víboras.
O flashback termina com Sofia aceitando sua realidade e mergulhando na violência como instinto de autopreservação. Após matar brutalmente a detenta Magpie, Sofia declara, convicta.
"Eu já falei que sou inocente. "
Injetam-lhe uma injeção e voltamos ao presente. Após uma breve conversa com Julian, Sofia decide que realmente precisa de um "novo começo", e sai do escritório, com uma frase que encapsula toda sua experiência no Arkham e aponta sua nova direção na trama.
"Eu não estou doente... o mundo é que está."
O Brinde Final: Cent'anni
A cena final, com a família reunida e animada em volta da mesa é excelente. Sofia entra com um vestido amarelo elegante e uma maquiagem ferina e logo o clima muda.
Mais uma vez a tensão é o ponto alto da série. Somos deixados no escuro sobre as intenções de Sofia, e imaginamos mil cenários diferentes, e o mais óbvio seria ela realmente deixar Gotham e viver sua nova vida.
O nome do episódio faz alusão a este momento. Cent'anni, do italiano, cem anos, e pode ser usado como uma saudação ou um brinde, o qual Sofia faz.
Em de vez de saúde, dizemos cent'anni "viva por cem anos, vida longa, vida próspera" algo assim. Sofia ergue sua taça e brinda. Faz um discurso emotivo que exala desequilíbrio, fragilidade e resolução e então retira-se.
"Eu não me encaixo mais nesta família."
Particularmente, vejo o final como fantasioso demais para o padrão que a série havia estabelecido. É um ótimo final? Sim, é. É condizente com a história o os fatos? Também.
Morte por vinho seria clichê demais, um tiroteio frenético com litros de sangue soaria ainda mais fantasioso e arruinaria a construção de suspense e drama até aqui; a solução encontrada está em um meio termo.
Contudo, senti que o roteiro poderia ter encaixado uma cena dela reunindo os equipamentos ou preparando-se para o grande momento, trazendo mais peso e credibilidade para o desfecho.
Conclusão
Com um episódio focado em Sofia e com um roteiro de primeira, cent'anni entrega um estudo de personagem ótimo e uma narrativa equilibrada. Uma nova camada de complexidade é adicionada à personagem e sua desconfiança com Oz é justificada.
Embora a atuação de Cristin Milioti seja volúvel, em momentos mais inspirados e em outros menos, ainda assim, é sua melhor interpretação no show até agora. Sua personagem ganha novos contornos e até certa empatia dos espectadores.
O episódio pode ser visto como um filler, pois não avança, em teoria, com a história principal, muito embora seja uma narrativa sólida e bem executada em si mesma e que agregue valor à trama central.
Com isso, avançamos a mid-season e a guerra deve ser declarada e travada nos próximos episódios, e será brutal.
Que vivamos todos cem anos!
Leia a crítica de todos episódios de The Penguin.