Guerra De Gigantes | The Penguin 1x05 Homecoming

Com cenas verdadeiramente aterrorizantes, The Penguin entrega seu melhor episódio até agora com "Homecoming".

Finalmente Oswald coloca seu plano em andamento e podemos vislumbrar a guerra entre gangues se formando, com alianças surgindo e expectativas sendo subvertidas.

A maior surpresa, para mim, foi os holofotes recaírem sobre a mãe de Oz, a odiável/adorável Francis Cobb, interpretada grandemente por Deirdre O'Connell.

A nota para Homecoming é 9,5

Oz Cobb e VIc Aguilar selando aliança ao atear fogo no carro de Pinguim
Oswald-e-Victor-selando-aliança

{getToc}$title={Índice}

Enredo

Começamos o episódio com Oz queimando seu luxuoso possante e, ato contínuo, Vic se reconciliando com seu chefe, enfatizando que essa é uma chance única. Sem dúvidas o personagem está em rota de ascensão (ou seria queda?).

O ritmo aqui é um pouco mais acelerado, o que achei bom, os acontecimentos sucedem-se de forma tensa e inesperada, pavimentando o caminho para a guerra.

Primeiro, Oswald sequestra o filho de Salvatore e Nadia Maroni, Taj, com o intuito de trocar a vida do rapaz pelo carregamento de cogumelos. A cena é cômica e dramática, no melhor estilo gângster.

NE. O pinguim usa TikTok???

No lado oposto, vislumbramos o desenrolar dos acontecimentos do aterrador brinde cent'anni do episódio anterior, com o policial corrupto William Kenzie recebendo uma "lapada seca" de Sofia, ao questioná-la quanto a sua participação no fratricídio.

Acompanhamos ainda Sofia, não mais Falcone, dar andamento em suas ambições, com uma simbólica cena de ela vestindo o casaco de sua mãe e adotando o nome de solteira dela como sendo o da nova família de Gotham: Gigante.

A cena em que ela executa, a sangue frio, Johny Vitti é de um primor sem igual. Somos levados a pensar que ela vai realmente aliar-se ao crápula, que tem uma desculpa altamente plausível para barganhar sua vida, e então, BLAM! Tiro na cabeça, sangue na mesa.

Mudança no Status quo

Sofia inverte o jogo ao abandonar a Família Falcone e pintá-los como os vilões da história e dizer que ela fará diferente, jogando os dólares sobre a mesa, ensanguentado as "verdinhas"e então atiçando os capangas a pegarem o dinheiro. Uma refeição cruel e grotesca, que sumariza perfeitamente o mundo do crime de Gotham.

Voltamos para Oz e Nadia e presenciamos uma das cenas mais chocantes do show: Pinguim ateando fogo em um Taj ensopado de gasolina enquanto sua mãe queima junto ao filho. A cereja sombria é o vilão contemplando seu feito, em mórbido fascínio. Impossível não sentir um frio na espinha.

Nessa hora somos invadidos por um sentimento de que Oz finalmente está progredindo, que está no caminho certo para se tornar o chefão de Gotham, que ele tem o que é necessário para chegar lá; e então vem a surpresa.

A Queda

Primeiro, o carregamento de Bliss está quase todo perdido, segundo, Salvatore escapou da prisão, após sobreviver a uma tentativa de assassinato no presídio a mando de Oswald. Vemos a tensão e a preocupação crescer como uma sombra sobre o rosto de Pinguim. "Está tudo dando errado!" é o que diz sua expressão.

O desconforto e desespero o comem vivo e isso é muito bem representado com a cena em que Oz busca o conforto de sua namorada, Eve, apenas para ser repelido por ela, perdendo o controle de suas emoções (novamente) e quebrando o apartamento da mulher.

Como desgraça pouca é bobagem, para piorar, Sofia alia-se à Sal, com a velha desculpa de que ambos tem o mesmo inimigo em comum. Com esse último movimento, as peças estão alinhadas para o banho de sangue.

A balança de poder parece acentuadamente desproporcional, mas é assim que se constrói um conflito de valor, com o protagonista contra a parede e praticamente sem chances de vitória.

Resta-nos saber se o roteiro saberá lidar com essa situação impossível ou usará de um texto simples à la Deus Ex Machina. Dado tudo o que foi mostrado até aqui, creio que o show não seguirá por esse caminho.

Será divertido descobrir como o Pinguim vai escapar dessa enrascada em que se meteu, porque ele com certeza escapará. Só precisamos saber como.

Destaques

Venho rasgando elogios a atuação de Milioti desde o primeiro episódio, e com razão, contudo, em "Boas-vindas" a estrela da vez é Deirdre O'connel, como Francis Cobb.

Neste episódio ela tem mais tempo de tela, e a atriz o usa com sabedoria, esculpindo uma personagem multifacetada, angustiada e com uma fria esperança no olhar, sempre acompanhada de seu andar moroso, que nos faz simpatizar com a aparente doce senhora.

Quando Vic a procura, dizendo que Oswald precisa de sua ajuda, é doloroso assistir a seu momento de exultação. Francis acredita que sua vida finalmente melhorará – quando, na verdade, está prestes a piorar.

Em Crown Point, observamos o passado da senhora confrontá-la. Sua expressão de arrasada e perdida dá um aperto no coração, velhinhas sempre sabem como arrancar lágrimas de marmanjos.

Sua personagem carrega um peso dramático enorme, seja sua doença velada que a torna uma fonte constante de preocupação para Oswald, ou suas interações ácidas com o filho.

Ecos de Livia Soprano, com um sútil toque maternal reconfortante que a coloca vertiginosamente entre a linha do cruel e do lastimável. Sentimos pena de Francis, mas não compactuamos com sua chantagem emocional.

Mãe e Filho

O'Connell expressa com maestria sentimentos conflitantes e complexos, ao mesmo tempo em que exalta, humilha, apoia e manipula o filho. Mais notadamente nos momentos em que ela é conivente e até incentiva as atitudes do filho de Oz.

Suas linhas de diálogo são ferozes, para dizer o mínimo. Sua relação com o filho é, de longe, uma das melhores interações do show, com um misto de carinho gélido e amor calculado.

Talvez, a cena mais pesada seja, na verdade, o momento em que Oz procura consolar a mãe, em uma demonstração de carinho e apego, e Francis, desolada e frustrada, o rechaça.

"Que tipo de homem não consegue cuidar da sua mãe? "

Pontos de Atenção

Mesmo sendo o melhor episódio, há, ainda, um dessabor que me impediu de dar a nota máxima, e olha que tive que refletir muito para retirar o 10. Acontece que os motivos são mínimos dentro da trama, mas me causaram certa frustração.

Primeiro a conversa de Vitti e Sofia na cripta, embora muito bem dirigida e montada, o diálogo soa estranho, desconexo até. De uma hora para outra Johny decide ajudar Sofia, indo de "me mata logo!" para 

"Eu não pude ajudar sua mãe. Deixe-me ajudá-la!"

na mesma cena. Embora ofereça uma nova perspectiva para o personagem, é deveras rápida a revelação de sentimentos.

Por último, não gostei nem um pouco da adição de Julian Rush a Família Gigante, não senti que o personagem teve uma construção condizente para chegar a conclusão de que quer se tornar um criminoso.

Embora ele deva, no futuro, assumir uma persona perigosa e quem sabe tornar-se um dos vilões do morcego; talvez o Jonathan Crane ou o Hugo Strange do universo de Matt Reeves, quem sabe?

Conclusão

Com um episódio sangrento e recheado de reviravoltas, a série The Penguin sobe seu nível, o que é absurdo de pensar, tendo em vista a régua em que os episódios foram medidos até aqui.

Afunilando os conflitos e explorando ainda mais a relação de Oswald e Francis Cobb, a trama dá um salto de qualidade e nos coloca em rota direta com uma verdadeira guerra de gigantes.

Resta-nos saber quem ficará vivo. Façam suas apostas.

Leia a crítica de todos episódios de The Penguin.

Postagem Anterior Próxima Postagem